terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Perfume e guaraná

Haverá ao menos um momento na tua vida em que metafísicas do cheiro te despertarão do sono dogmático da realidade. Um cheiro é como uma perspectiva. E estas são "las que cambian". Assim como as pessoas.

No meio de tanta gente sem nome, veio para mim um cheiro de perfume de alguém que não se sabe quem, mas que quis muito que aquele olor fosse sentido. E cheirava tão bem... era suave, simples. Veio junto com guaraná. Um ônibus em movimento, e o cheiro do guaraná de alguém misturado ao perfume de outro alguém te colocando num vôo direto para um mundo inteiro de possibilidades. Ali, sim, a roda-viva girava. 

É bastante possível então que aquilo se torne por alguns segundos como que o cheiro do sentido da vida. E ele parece com alguma coisa entre perfume cítrico e guaraná.

Neste dia dei-me conta exatamente disto: tão rápido quanto sai de sua percepção um cheiro ou uma mistura deles, pode uma ideia construir um mundo, um muro. Ou as duas coisas. Se for um muro, de um minuto a outro, o querer pode virar conteúdo de spray, e ser vaporizado noutra coisa. Exatamente como aquela ferramenta do editor de imagem que deixa a gente fazer o que no mundo das pessoas poderia muito bem já ter virado crime: poderíamos "copiar" um pouco de uma cor (e por que não de um alguém? de seu cheiro? ou do jeito de morder?) e depois espraiaaaaaaaaar onde quisesse, apertando a válvula do spray, e pichando tudo com aquele bisonho jato de gente. Com cuidado ou sem. E com espessuras diferentes.

Deste jeito é o querer.

Oui, mon ami, comme tu disais: tomber amoreux du monde entier.








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